quarta-feira, 15 de abril de 2020

O projeto


Uma escrita do corpo

Por Dianna Denner e Luana Coelho Gomes



No desejo de promover a reflexão sobre a necessidade de ações crítico-propositivas no campo das Artes do Corpo enquanto prática artístico-pedagógica  o projeto “Uma escrita do corpo” fala sobre a performatividade de gênero enquanto garantia de visibilidade de artistas-educadoras na produção de conhecimento artístico-científico, no objetivo de provocar e pesquisar a experiência dançante por meio da escrita e da fala diante da impossibilidade do encontro físico-afetivo.
De forma análoga ao que surge no encontro com o público no ato de dançar, es artistes-educadores se propõem a manter uma troca de informações, de desejos, estudos e criações a fim de possibilitar a construção de um saber conjunto sobre temas que permeiam suas experiências em arte e o contexto ao qual se encontram como professoras de dança em formação. Seguindo a lógica da carta como meio de comunicação entre duas pessoas em lugares distantes (uma vez que cartas já foram trocadas em diversos momentos da história entre pensadores e artistes renomades), as artistas deste projeto articulam sua prática de dança com a leitura da carta, pensando nas escritas de si como ponto de partida para a comunicação da experiência dos corpos envolvidos nesse desejo de encontro. Em uma tentativa de colocar os corpos em diálogo, mesmo distantes devido ao isolamento social, buscando elaborar um saber sobre dança por meio da palavra, onde poderão ser lidas por outras pessoas.

O blog “Uma escrita do corpo” propõe um questionamento das subjetividades, do imaginário constituído e determinado pelas relações sociais. Em busca de uma responsabilidade ética no que tange ao que se reconhece como humanidade e como consequência à padrões de dança, de corpo, de discurso e de criação de si, as cartas de dança são escritas no desejo de produzir conhecimento sobre gênero e sexualidade e enquanto performatividade do corpo que dança  e  que materializa as suas respostas sociais.


A partir da mensagem escrita do corpo, das mãos, do toque e do gesto as correspondências se estabelecem como senso queer (pausa) que marca um campo de conexão entre  alteridade e afetos. Uma afirmação da diferença como  aliança de liberdade dos corpos em isolamento. Mesmo que apenas livres no lirismo da escrita e nas narrativas de cartas de dança,  o que move no corpo é uma dança sutil, sensível e livre, uma escrita do corpo, uma escrita de corpos que se atravessam em caracteres, palavras e desejos de dança. As correspondências em articulação partilham interesses semelhantes sobre o corpo e o movimento dançado, onde gênero, sexualidade e construção de identidade são questionados pela vivência territorial de cada corpo. O que leva as artistas à investigação de si por meio da arte-educação é a busca de uma transgressão que possibilite o aprendizado do saber arte-vida intrínseco em suas vivências identitárias.


Como sobre-viventes, que mensagens queremos transmitir?


Qual será o novo paradigma humano?


Estes questionamentos direcionam caminhos de reflexão para as pessoas que se colocam a pensar e investigar a si mesmas neste momento de pandemia.


O projeto “Uma escrita do corpo” tem como ação principal a escrita, organização e manutenção de um blog, onde as artistas realizam publicações de troca de correspondência virtual por meio de endereço eletrônico.




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