quinta-feira, 16 de abril de 2020

Lua gostaria de lhe escrever tantas coisas!

  Hoje ou ontem o dia não foi muito produtivo em relação ao que eu queria produzir. Quando, então, abri mão desta vontade, eu felizmente consegui fluir pelos sentimentos que me afetavam. São muitos, às vezes me perco e sempre me encontro na triste solitude, que de triste não tem nada.
O desejo às vezes se escapa de mim como um ladrão da policia, ele leva o meu animo nas mãos e me deixa perplexa em cacos soltos ao vento. 
As coisas estão começando a faltar isso tem ajudado o bandido.
 Tenho pensado muito em uma micropolitica do ser, onde me vejo questionando ações simples da vida. Assim me veio hoje o pensamento de produzir experiência, no campo sensorial ao qual me apeguei junto aos estudos em dança. Sendo assim permeio o vazio de um eu que não existe, uma forma de lingua que não se possa entender mas sentir, como diz em sua ultima carta, sinto um corpo desabitado e vou povoando de coisas sensiveis, sentidas por este corpo vazio ao ler suas palavras.
Dançei na chuva, ou melhor com a chuva! 
Essa escrita fluida me leva ao ser maior que tambem não pede passagem, se manifesta nas sutilezas da natureza ou de onde o vemos sem muita categorização.
Dançar o caos, o vazio, a tristeza e os fantasmas é na verdade viver ao meu modo. Nos encontramos aqui?
A escrita como uma forma de manifestação da pessoa, ou ideia, que nos tornamos com o passar dos dias, ela é o ponto de encontro que nossos corpos anseiam e assim se tornam extensão movimentos. Ir e vir!
Ir ao seu encontro e vir em busca de mim, este tem sido outro pensamento âncora dessa escrita.
Quero mesmo lhe escrever tantas coisas!

Hoje ainda chove, o café perdeu a graça espantosamente. Esperei por este momento de lhe escrever como se ele fosse uma torta de biscoito com chocolate, em tempos sombrios essa torta faz milagre.
Como dançar em conjunto estando separadas? como povoar o mundo vazio em si mesmo? como progredir em formas aritmeticas quando se tem apenas o desejo de saber? como responder aquilo que toca seu âmago? Não sei onde tantas perguntas se alojam em meu corpo, estranho corpo. Há algo nele para alem de mim, que não sei como agir.
Na dança nem sempre me permitem questionar o corpo que dança, pois as vezes ele esta tão formatado que não tem espaço pra mim. É apenas um corpo, me dizem como se fosse a respota secular. Não sei de onde tiram a ideia de corpo que coloca em movimento suas questões, mas com certeza ela não me cabe. Eles são os técnicos e fazedores da arte!

Espero que essa nossa ideia possa mudar ao menos nosso mundo!
Vou desenvolver minhas experiencias para lhe escrever, acho que elas podem ser sugeridas como respostas para o mundo que as gerou.
Amigo, perdoe me por tantas questões. Não é todo dia que alguem aceita conversar comigo.
Não sou pobre coitada, estou mais proxima de ser uma bruxa enjaulada no corpo do outro, do outro porque não é meu, o meu corpo é sem duvida uma festa onde o extase é fundamental.

Sabe tenho pensado muito sobre minha atuação em dança, mesmo no campo teorico onde poderia navegar com essas ideias. Vamos afirmar outras possibilidades!
Quando alguem se cala é considerado cumplice de um crime, não seriamos cumplices da regulação do gênero ao permitir sua atividade dentro da dança de forma inquestionavel?
Creio que a dança se eximiu deste posicionamento permitindo em sua maioria a visibilidade do corpo cisgênero. Embora ela não seja toda igual, a maior parte dos praticantes que conheço não percebem que a pratica esta pautada no gênero.

Creio que estas questões vão surgir em maior publico de agora em diante, creio que irão nos retornar como porblemas e assim poderemos criar alternativas. Espero estar errado.
São tantas coisas que quero lhe escrever, maior ainda e minha vontade de ler o que me escreve.

Não se preocupe em me responder, gosto dessas perguntas.
Podemos falar de outras coisas.
Obrigada por me deixar existir.

Abraços.

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