quarta-feira, 15 de abril de 2020

O desejo de se manifestar.

Leio sua carta virtual com mel na boca, ou doce de chocolate. 
Não sou leitora assidua de ninguem mas acho a páscoa cafona tambem, embora os afetos que ela disperta em minha familia sejam revigorantes.
Não sei dançar, mas permeio meu corpo em busca de sensações que esfaziem minha mente, que me libertem da prisão que se tornou meus pensamentos ao crescer. Querer ser.
Digo isso pois tentei falar sobre a dança para outras pessoas, então percebi que ja nao creio nela da mesma maneira que antes.

A escrita me permitira ser eu, Dianna Souza! 
Fico extremamente excitada com a ideia de escrever para alguem, de modo que não consegui deixar para amanhã a resposta deste email.

Sobre os segredos, eles são valiosos para aquilo que nos tornamos ao esconde-los. São como uma especie de suporte para o que não existe, de fato eu não sei muito sobre segredos, esqueci os meus, quando lembro nem parecem me pertencer. Creio que irei contar muitos de meus segredos ja conhecidos a você, por meio deste elo de cartas corpos imagens  textos e videos.
Sou poetisa, mas ja perdi alguma coisa do amor, hoje me realizo com filmes de romance entre homens que me lembram desse lance meio proibido e ao mesmo tempo instigante de se manifestar. Essas palavras não vão dar conta do corpo que lhe escreve, talvez levem algo da presença, como presente!
Estar isolada me fez ficar apaixonante de novo, entorpecida por algo volátil e inexistente: a liberdade.

A dança que me aguarde em algum lugar desconhecido do tempo, onde eu talvez não exista mais. Depois dessa quarentena não serei mais a mesma.
Não escrevo para que me compreenda, mas para que sinta algo de mim em habitar você.
Não sei muito bem como dirigir este nosso projeto do presente, não sei como vou me organizar ou do que vou falar. Também nao elaborei um roteiro ou algo semelhante para discorrer sobre e durante nosso isolamento. Ah como eu queria poder tomar um cafe em sua compania e falar ao vivo sobre essas ideias, de modo que veria todo meu corpo excitado com nossa ideia de encontrar uma a outra na escrita.

Ir de encontro, isso me interessa.

Sinto falta de tomar chá, principalmente aqueles do quintal. Vou proucurar plantar erva cidreira, preciso dormir de novo.
Do lado de cá, tenho visto como as pessoas são horriveis, não tenho pespectiva de futuro e celebro qualquer aparição da morte, acho que devemos morrer agora, não vejo uma saida para o que nos tornamos quanto humanidade, quanto especie. Sei la o que nos tornamos, mas não me agrada a forma como pensamos e agimos sobre a natureza, como estruturamos nossas civilizações e principalmente o jeito que nos dividimos.

Amiga, se quero algo para ti é uma boa morte, espero que ela seja tranquila e calma, sem dor. De modo nenhum quero que morra, na verdade quero que goze bastante!
Admiro muito seus pensamentos e o que faz com eles, espero que consiga encontra um lugar saudavel para frutifica-los, me lembro de quando lhe vi pela primeira vez como professora no valores de minas, eu invejava sua flexibilidade.

Obrigado pelo convite!

Sobre o projeto, ainda não sei como fazer. 
Embora o valor seja pequeno a maneira mais justa é dividir por dois, caso sejamos selecionadas.
Temos uma semana, para escreve-lo e reunir os documentos, me preocupo por não entender mais o que é uma semana. O tempo ja não faz sentido, na verdade muitas coisas não fazem, só nós vivas fazemos.

Um beijo!

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